sexta-feira, 14 de agosto de 2020

NOTA DE DEPUDIO - ANPUH ACRE

Frente aos enfrentamentos de descasos e desmontes promovidos pelo governo brasileiro com a ciência do país, a poucos dias a comunidade científica local, nacional e internacional foi surpreendida com uma notícia altissonante veiculada pela mídia que ganhou o mundo, acerca de uma afronta a um dos patrimônios histórico-social do Estado do Acre, ao vir à  público uma denúncia de um aterramento ocorrido por um fazendeiro, através de seus funcionáriosde forma indevida, irresponsável e, supostamente proposital, para plantio de grãos na área onde estão localizados três geoglifos - Sítio arqueológico, conhecido internacionalmente, situado na Fazenda Crixá II, no município de Capixaba-AC. Os estudos existentes apontam que esses sítios têm cerca de 2.500 anos e foram ocupados até o período colonial, representando uma fonte histórica e de cultura local. É importante reconhecer este aterramento comodanoso, uma vez que viola bens imateriais do estado brasileiro e, particularmente, acreano, por ação do agronegócio que vem operando para destroçar saberes milenares da Amazônia brasileira.Desde a descoberta destes geoglifos, a pesquisa científica realizada por Professores, Pesquisadores e Alunos da Universidade Federal do Acre, do Pará, doMAE – USP, de Helsinki na Finlândia, entre outros, tem demonstrado que se trata de ocupações humanas que remontam a milhares de anos e, hoje, se constitui num laboratório de pesquisa importantíssimo da/para humanidade. Porquanto, o repudio da comunidade cientificaé por entender os territórios dos “geoglifos” como registros de descobertas significantes de outros modos de vidas presentes da/naPan-Amazônia.Nesse sentido, éimportante destacar que no contexto amazônico existe um histórico deocupação irregular de terras afetando diretamente o patrimônio arqueológicopela falta de licenciamentos, refletindo-se em descaso na preservação da cultura dos nossos antepassados. Não é de hoje que esses eventos ocorrem, a exemplo do sítio Sol de Campinas, diretamente afetado por linhas de transmissão de energia. Como resultado, as alegações dos donos da terra quase sempre recaem sob os seus trabalhadores, de modo a tentar se eximir da culpa e quando a reconhecem, procuram adotar apenas medidas paliativas que são insuficientes ante o prejuízo irreversível, histórico e cultural causado. Diante disso, a ANPUH -Associação Nacional dos Professores de História– Seccional Acre, manifesta, publicamente, honrando seu compromisso com as ciências sociais, repúdio a esta atitude abominável, que viola a ciência, a cultura e a história. Portanto, solicita às autoridades locais apuração rigorosa e que os culpados sejam punidos com os rigores da lei, como mecanismo de demonstração do dever, do respeito e do zelo pelo patrimônio da humanidade, o qual, se sobrepõe a interesses mesquinhos e o lucro dentro da ordem capitalista.

Rio Branco – AC., 12 de agosto de 2020

ANPUH-AC

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